sexta-feira, 15 de agosto de 2014

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"Não me dêem fórmulas certas, por que eu não espero acertar sempre. Não me mostrem o que esperam de mim, por que vou seguir o meu coração. Não me façam ser quem não sou. Não me convidem a ser igual, por que sinceramente sou diferente. Não sei amar pela metade. Não sei viver de mentira. Não sei voar de pés no chão. Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma para sempre.”

Clarice Lispector

amar assim...

pegas-me na mão, abres a porta, ligas a música e o candeeiro do chão. suspiro-te ao ouvido que estás linda nesses saltos, aperto-te a cintura com um braço e com o outro prendo-te o pescoço. o beijo demora mais, a respiração fica mais intensa, o teu corpo cola-se ao meu. a roupa cai e deixa nua a tua pele. deito-te na cama e percorro cada bocado de ti com a minha mão. lentamente. o teu peito, os teus braços esguios, o teu pulso do tamanho da minha mão, a palma da tua mão na minha. lentamente. o teu pé, de curva inclinada perfeita, as tuas pernas longas, a tua coxa próxima, quente. quase louco o magnetismo que o teu corpo solta quando lhe toco. depois beijo-te, aperto-te, rodo-te, puxo-te. toco-te. amo-te. em vagas de ritmo. às vezes mais lento, outras vezes mais demorado. paro no teu olhar sempre que tenho a ideia mais louca. solto um riso, gozo com a tua cara de espanto maroto, e fico-me ali, a ver-te no prazer do que te faço. dizes que é o meu sorriso safado, de boca mordida no gemido baixo, que te excita o desejo.

entre cada vaga de ritmo louco, de safadisse doce, o teu olhar cruza o meu. e não vejo só prazer. e não vejo só amor. vejo mais, vejo aquilo que não se explica, a intensidade do que não se sabe onde nasce, apenas sabe que se vive ali. naquela fusão de dois corpos que se entregam, que se deleitam no prazer, que se amam, não pela carne, não pelo desejo, mas pela alma. como quando no meio do ritmo mais louco, paramos. quietos. imóveis. o silêncio da música, apenas o meu respirar ainda ofegante na tua cara. e as palavras que saem lá do fundo, sem filtros, nuas, como nós. e a lágrima de emoção que escorre, que cai lentamente enquanto te abraço, enquanto te aperto, enquanto te amo mais uma vez. e ficamos ali, horas, entre risos safados, prazer sôfrego, e paixão lânguida. dizes que é o meu sorriso doce, de brilho nos olhos, que te emociona o desejo.


Aqui

quarta-feira, 18 de junho de 2014

filhos

tu não podes esperar um filho feito à tua imagem.
desengana-te porque ao longo dos anos vindouros vais apanhar várias decepções.
os filhos são o que são. têm uma identidade, uma personalidade, têm idéias e sentimentos que não transversais nem directamente proporcionais à educação que têm.
os filhos são seres humanos, que têm como todos os seres humanos, filtros, opções, visões próprias da vida, de si e dos outros.
e os filtros são diversos. uns têm malhas mais estreitas, outros mais largas.

HC

sexta-feira, 9 de maio de 2014

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Não és a mesma.
Desleixaste-te e deixaste-te levar pelo arrastão da vida, pelas coisas boas e pelas coisas más. 
Gradual e repentinamente. 
‘Vives’ ao sabor da brisa do vento, não planeias, não cumpres, não fazes, não vives verdadeiramente. Limitas-te a existir, dia após dia.
Mas sofres com essa postura. Queres a todo o custo mudar, voltar a ser o que eras, sentir um pouco da força que tinhas e que perdeste ou sentes ter perdido pelo caminho.
Sentes falta de agarrar os dias e as noites da tua existência.
Se calhar ainda não chegou o momento certo.
Talvez seja um dia destes…quando menos esperares.

sábado, 19 de abril de 2014

A magia da infância

A infância faz parte daquele mundo encantado ao qual pertencemos um dia, agora longínquo. Passamos a vida á procura do sabor desse tempo perdido porque a vida se vai tornando pesada. Refugiamos-nos inevitavelmente nessa bolha que foi e não volta a ser a mesma. Que agora, á distância e ao contrário do que sentíamos na altura, nos parece um tempo doce, leve e perfeito.
Tal como a infância, também os amigos dessa época nos parecem únicos e especiais. E alguns serão, certamente. Esqueço-me que eles, tal como eu, mudaram forçosamente e já não serão os mesmos...
Caímos na tentação de ligar o que foi ao que desejamos que fosse.
É tentador pensar e sentir as coisas desta forma mas há que criar espaço em nós para aceitar que há magia que não se repete.
Foram precisas dores de crescimento para sentir que há que criar espaço e ver que agora é tempo de outras magias, não necessariamente melhores ou piores, apenas diferentes na forma e no tempo.


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Gabriel

Quando morre um escritor, morre também um pouco da magia e encanto próprios de quem sabe utilizar as palavras como ninguém. 
Felizmente, enquanto pudermos folhear as páginas dos livros que nos encantam, o seu legado é e será, eterno.


domingo, 9 de fevereiro de 2014

gosto do silêncio.
do barulho das ondas do mar. do som do riso das minhas filhas.
observar o dia-a-dia. olhar a vida, a cidade e as pessoas.
gosto de dormir e de acordar. de sonhar acordada. de andar, correr, saltar e pular. 
conduzir por vezes depressa, por vezes devagar. ouvir música e cantar em voz alta ou simplesmente permanecer calada. 
gosto de ir trabalhar e do regresso a casa, esse momento simultaneamente doce e trágico repleto de azáfama.
gosto do meu banho ao final do dia. também lava a alma.
de sentir o momento da forma que me aprouver. sempre.
de observar o sono das minhas filhas. dessa quietude, essa altura em que também a casa dorme e apenas eu estou acordada. gosto de ler até à exaustão. alisar a areia do meu jardim zen.
ver um filme.
gosto do cheiro das coisas e das pessoas. do cheiro a banho tomado, do mar e da terra molhada. do cheiro a chocolate derretido do meu bolo de chocolate preferido acabado de sair do forno e que inunda a casa e os nossos sentidos. do café de um latte cremoso pela manhã.
gosto do encanto e gosto que me encantem.
gosto do caminho. por vezes faz sol, por vezes chove. do arco-íris.

gosto imensamente de viver. gosto da magia da vida e das coisas simples mas que fazem toda a diferença.