quarta-feira, 29 de maio de 2013

A Criação do Mundo

Todos nós criamos o mundo à nossa medida. O mundo longo dos longevos e curto dos que partem prematuramente. O mundo simples dos simples e o complexo dos complicados. Criamo-lo na consciência, dando a cada acidente, facto ou comportamento a significação intelectual ou afectiva que a nossa mente ou a nossa sensibilidade consentem. E o certo é que há tantos mundos como criaturas. Luminosos uns, brumosos outros, e todos singulares. O meu tinha de ser como é, uma torrente de emoções, volições, paixões e intelecções a correr desde a infância à velhice no chão duro de uma realidade proteica, convulsionada por guerras, catástrofes, tiranias e abominações, e também rica de mil potencialidades, que ficará na História como paradigma do mais infausto e nefasto que a humanidade conheceu, a par do mais promissor. Mundo de contrastes, lírico e atormentado, de ascensões e quedas, onde a esperança, apesar de sucessivamente desiludida, deu sempre um ar da sua graça, e que não trocaria por nenhum outro, se tivesse de escolher. Plasmado finalmente em prosa — crónica, romance, memorial, testamento —, tu dirás, depois da última página voltada, se valeu a pena ser visitado. Por mim, fiz o que pude. Homem de palavras, testemunhei com elas a imagem demorada de uma tenaz, paciente e dolorosa construção reflexiva frita com o material candente da própria vida.

Coimbra, Julho de 1984
Miguel Torga

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Home Sweet Home

Nada como nos esquecermos das chaves de casa e ninguém nos poder valer.
Nada como só nos apercebermos disso quando já estamos quase, quase a chegar a casa por volta da 1 da tarde e depois duma manhã exigente e com fome até às orelhas.
E é no momento em que nos atrevemos, neste caso, por extrema necessidade, a comer fora (a bela da sopita) que finalmente percebemos o quão saborosa é a nossa.
Nada como passarmos 4 horitas e meia (o que é isso?) trancafiados num Centro Comercial à espera que o marido-que-trabalha-longe-pra-catano nos venha salvar.
E como não podia deixar de ser, nada como o barulho de fundo característico destes lugares. O valor que dou a quem trabalha nestes locais é imensurável.
Mas já passou.
O que me valeu foi o facto de raramente sair sem um livro na mão.

É tramado

E pronto, o Benfica voltou a morrer na praia.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sexta-feira...já não era sem tempo. 
O meu dia preferido da semana. 
Uma semana que foi difícil, agitada, exigente, cansativa e com provas a dar. 
Para compor o ramalhete, hoje estou longe dos meus melhores dias. 
São (mesmo) insondáveis os caminhos que temos de percorrer para chegar (por vezes) nem sei bem onde.