domingo, 25 de março de 2012

Das decisões

A escolha é sagrada. Vem nos livros: é a possibilidade de optar que nos defende da opressão. Mas quando nos defrontamos com demasiadas opções, damos em doidos. Literalmente em doidos , porque como diz o psicólogo Nando Pelusi, na revista Psychology Today, o nosso cérebro só está treinado para tomar decisões simples, do estilo queres comer ou passar fome.
(...)
Enquanto os dilemas se circunscrevem à gastronomia ou ao guarda-roupa, a coisa não vai mal, mas o pior é que os estendemos a todos os aspectos da nossa vida, da amorosa à profissional, para não falar nas angústias dos pais que se esforçam por educar os filhos o melhor que sabem e podem. Não admira que Nando Pelusi garanta que ''escolher pode significar perder''. Nem que seja o juízo.
O mais complicado de se ter um leque alargado de escolhas nem é só o ter de escolher. Pior, pior é o tempo que gastamos a ponderar se escolhemos bem e se teríamos feito melhor em tomar outro caminho. Este remoer, que uma vida mais confortável nos autoriza, é o veneno que destrói a felicidade e a paz de espírito. Então, se os resultados esperados não são imediatos, é certo e sabido que começamos a pôr tudo em causa, sem dar tempo ao tempo.
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Para decidir depressa e bem, não se pode gastar demasiado tempo a remoer escolhas anteriores, no que poderia ter sido e no que poderia ter acontecido, como dizia Álvaro Campos, se tivéssemos virado à esquerda em vez de à direita. Até porque é uma perda completa de tempo, já que basicamente é a forma como nos vamos, ou não, envolver no caminho escolhido que confere sentido e define o resultado. Se não nos entregarmos de alma e coração à opção tomada, ocupando a totalidade dos nossos neurónios no esforço de a fazer funcionar (seja um casamento ou uma profissão), esta nunca dará resultado.
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Isabel Stilwell - Aprender a tomar decisões in Quem tem medo do lobo mau?

3 comentários:

  1. http://www.ted.com/talks/barry_schwartz_on_the_paradox_of_choice.html

    Mais nada a acrescentar. :)

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  2. existe um ditado português que diz o seguinte, depressa e bem não há quem.

    Quando tomamos uma decisão que pode mudar a nossa vida do avesso, temos que ponderão todos os apetos dessa decisão. Após tomada, não deveremos ficar a remoer eternamente, pois é isso que nos consome o espirito e nos tira as forças.

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  3. Epá este foi um texto à medida, a régua e esquadro!
    Tu estás lá!
    Eu

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