quinta-feira, 8 de setembro de 2011

B.I. - Maria Filomena Mónica

Estou a ler as memórias da Maria Filomena Mónica (1943-1976).
Sim, esse estilo de obra literária que no nosso país é normalmente significado de má literatura dado não existir tradição dita séria nesse sentido. O que normalmente existe são coisas escritas por pessoas que não interessam a ninguém (nem ao menino Jesus) e que se presumem ser autobiográficas mas que no final são exercícios medíocres de 'literatura' e de puro exibicionismo. Falo daquelas pessoas que apenas querem 'aparecer' a todo o custo e que nos dias que correm escrevem 'livros' e por mais estranho que seja, até os conseguem editar!?
Não sendo no entanto o meu género preferido, esta senhora consegue fazer da leitura deste livro um enorme prazer. Pela sua escrita simples e directa, pela forma como aborda objectiva e friamente factos da sua vida e tudo isto sem fazer alarde. Ainda vou a meio mas uma coisa é certa: estou a gostar imenso.
Para além disso, gosto (e não é pouco) da postura da Maria Filomena Mónica perante a vida, senão vejamos:
''Embora aquilo que escrevi esteja baseado em factos, não presumo fornecer a verdade. O meu relato é verdadeiro, apenas no sentido em que representa a minha verdade. Outros terão olhado as pessoas, os acontecimentos e as peripécias de que aqui falo de forma diferente.(...) A linha inicial do poema de Emily Brontë, 'No coward soul is mine', a divisa da minha adolescência, tinha de continuar a dirigir as minhas acções. O que viesse a acontecer, 'in the worl's storm-troubled sphere', não era comigo. O livro seria publicado como o planeara. Sem medos, nem sentimentalismos.(...) Espero que não sofram com o que conto sobre uma família que é também a sua, mas que neste livro, é sobretudo a minha. Porque foi assim que eu a vi, a vivi e a senti.''
Penso que quem escreve desta forma, tem de facto um dom muito especial.

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